Românticas
A quem amo
Algo que emociona inconscientemente
O meu ser
Algo que me encanta,
Que se harmoniza comigo
Como se fizesse parte de mim
Há muito tempo...
Toque que todos temos
Mas nem sempre sabemos
E quem sabe escondemos?
Pois frágil ficamos
Se sem querer mostramos
Como realmente somos.
Andréia Cristina Saffier
1999
O portão, o chalé e o lago
Debruçada no portão branco
Mãos em finas luvas
Delicadamente pousadas
Davam repouso a minha esguia figura...
Observava a pequena estradinha
Que contornando o lago
Seguia curvilínea e simples
Até alcançar nosso delicado chalé...
Da leve agitação das águas
Brotavam pequenos brilhos
Que se estendiam ora aqui, ora ali
Como uma música calma e contínua...
A musicalidade do lago
Seguia também a das nuvens
Que suavemente fazia
Meu pensamento flutuar...
Teu doce carinho
De repente senti em meu ombro
E em teus cálidos braços me aqueci
Naquela frienta manhã...
Observamos atentos
A linha que invisível e infinita
Mantinha o equilíbrio
Daquele nosso pacífico lar.
Meus cabelos presos no alto
Meu vestido longo deslizando até os pés
Teus trajes formais, mas macios
Tudo em nós se misturava, aconchegante...
Tuas mãos firmes me apertavam
Rente a teu corpo calmo
Sem palavras nos entendíamos
Encantados observando a natureza...
É tão difícil encontrar uma palavra
Ou mesmo um sucinto sussurro
Que fosse capaz de revelar o significado
Daquele nosso amado silêncio...
Lembranças cotidianas se seguiam
Em nossas mentes interligadas
Cada pequeno momento de felicidade
Era revivido quando nos olhávamos...
Havia uma espécie de magia no ar
Alguma coisa insondável
Que não podíamos tocar
Mas que nos revestia de alegria e pura paz...
Um momento que multiplicava pequenos alentos
Eternos, simplesmente eternos
Como só coisas sagradas podem ser
E só aquele que possuir um dom pode contemplar...
O Chalé cintilava fulgurante ao sabor do sol
Fulgindo toda a sua resplandecente doçura
E a suavidade com que aquele ar do campo
Dava eterna tranqüilidade a nossas almas...
A agradável verdade de viver com meu melhor amigo
Tornava o lar algo mais que meigo, caseiro abrigo
Os objetos domésticos eram testemunhas
Das noites passadas ao lado da lareira acesa...
A janela era o olho por onde eu via tuas voltas das caçadas
Onde te notava valente, íntegro e justo
Preocupado em manter em ordem todo aquele recanto
Que muito além da casa se estendia por todo campo...
O lago sempre queria falar algo sobre a graça divina
Assim como as árvores que enfeitavam nossa propriedade
Me sentia vivendo em um imenso jardim
Onde nada externo poderia entrar e perturbar...
Havia sempre algo na grama que se estendia
Até onde se perdia meu olhar curioso
Algo no vento que soprava de lugares distantes
Que dizia que juntos nós sempre iríamos nos encontrar...
Talvez fosse isso que quisesse dizer
Teu olhar perdido entre o chalé e o lago
Naquela manha primaveril em que me tocou no ombro
E me aconchegando ao peito me fez sentir... amada...
Déia C. S.
29/08/2007
Um delicado jardim
Como um doce jardim
Cheirando a rosas
Numa manhã ensolarada
O amor começa a florescer...
Contudo, quando a chuva
Tempestuosa dilacera o jardim
O vento do medo estremece
As flores que querem se unir...
As nuvens negras da tempestade
Aos poucos se dissipam
Um céu de um azul profundo
Derrama esperança no quintal...
Os raios de um sol nascente
Pequenas mudanças operam
No quadro da paisagem
Fazendo as gotas evaporarem
Lentamente...
Como se se encaixassem perfeitamente
As flores se recuperam
Buscando a luz florescente
Que a compreensão oferta...
A paz que a princípio havia
Volta a reinar plena de esclarecimentos
As plantas já regeneram os tecidos
Machucados pela chuva de erros...
Um arco-íris é esperado no horizonte
Toda a abóbada celeste se prepara para recebê-lo
E o jardim se alegra na certeza de um recomeço.
Nada se perde num solo bem adubado...
Assim, novas chuvas serão esperadas
E ele fortalecido se encontra
Pleno de certeza de que novos sóis irão tocá-lo
Em cada amanhecer e após cada tormenta...
Déia C. S.
08/08/2007